28 agosto 2007

A inevitabilidade do PMDB

Ney Suassuna (PB), Silas Rondeau (ex-ministro dos transportes), Renan Calheiros (AL) e Joaquim Roriz (DF). Em poucos meses, três senadores do PMDB foram denunciados por práticas de corrupção e investigados pelo Conselho de Ética da Casa. Em pelo menos dois casos (Suassuna e Calheiros), o processo de apuração mobilizou a opinião pública, paralisou as atividades legislativas, minou a credibilidade do Senado Federal e colocou o Palácio do Planalto de prontidão.

A posição do PMDB na coalizão de governo é paradoxal. Por um lado, o partido ostenta as maiores bancadas da Câmara e do Senado, constituindo-se parceiro imprescindível do governo. Por outro, seus parlamentares protagonizam crises políticas sucessivas, tornando-o frágil e perigoso para Lula.

O problema do PMDB é estrutural e carrega vícios de origem. A fragmentação é uma herança do velho MDB: a impossibilidade de formar outros partidos obrigou a reunião de várias tendências dentro de uma só bancada, comprometendo sua coerência e coesão. A indefinição ideológica, agravada pela cisão que criou o PSDB, somou-se à intensa relação travada com a burocracia estatal durante o período Sarney e terminou por oferecer contornos definitivos à legenda.

O PMDB pode ser caracterizado como um partido pertencente a um “centro pragmático”, onde a proximidade e a defesa de interesses junto ao Estado determinam suas estratégias e posicionamentos. Desde a democratização, todos os governos contaram com ministros de Estado indicados pela legenda. Dessa forma, o PMDB desempenha seu papel na vida política brasileira como o partido do establishment e, apesar dos percalços, da governabilidade.