03 março 2010

O futuro eleitoral do Distrito Federal!

Uma forte neblina envolve a política brasiliense. Trazida pelo grande furacão da operação Caixa de Pandora, a névoa espessa ainda nos impede de ver o que nos aguarda logo à frente. Mas é possível “tatear” o futuro.

Os vídeos e o gerenciamento de crise desastroso realizado por Arruda e sua assessoria abriram espaços para cenários eleitorais inéditos. O primeiro impacto aconteceu dento do PT. Em face dos acontecimentos, Magela rescindiu o acordo informal que garantia Agnelo como candidato ao GDF. Por enquanto, haverá prévias dentro do partido e seus resultados são muito difíceis de prever.

Roriz também não está em posição confortável. Pessoas muito próximas a ele estão envolvidas diretamente no escândalo e, ao contrário do que o ex-governador pensa, as ondas de choque geradas por esse terremoto político continuam a se propagar e podem chegar até ele. Por isso, a propaganda partidária veiculada pelo seu partido (PSC) nesses últimos dias é bastante temerária: ao mostrar toda sua “indignação” com a crise, Roriz pareceu estar tripudiando em cima da desgraça alheia. A reação pode ser violentíssima.

Um terceira via encabeçada por Cristovam Buarque sequer chegou a ganhar fôlego. Simplesmente porque o senador não deseja voltar ao GDF. Por sua vez, o plano “B” do PDT, deputado Reguffe, parece não ter densidade suficiente para estimular o próprio partido a lançar sua candidatura. Eles avaliam que uma eleição para governador exigiria mais “tempo de rodagem” do bem avaliado deputado distrital.

Como em política tudo é possível, não se pode descartar o nome de Wilson Lima. Ele possui condições de se apresentar como candidato à sucessão, desde que consiga devolver alguma credibilidade do GDF, investigar de verdade os problemas que derrubaram Arruda, evitar a intervenção e, claro, inaugurar muitas e muitas obras.

Além das conjecturas locais, deve-se observar a “intervenção” que os diretórios nacionais do DEM e do PSDB podem realizar em Brasília, pois José Serra ficou sem palanque na capital. Portanto, alguma nova chapa pode ser criada, trazendo alguém que possa resgatar os dois partidos da deriva em que se encontram. Nomes como Maria de Lourdes Abadia ou Mauricio Corrêa podem surgir por aí.

Na Câmara Distrital a expectativa é de renovação radical, ultrapassando os 40% habituais. Prudente e Ulysses já não podem concorrer. Caso Wilson Lima permaneça governador, abre-se uma nova vaga. Domingos e Brunelli estão muito envolvidos com as denúncias, mas podem se candidatar mesmo que optem pela renúncia. Ambos confiam na capacidade de perdão dos seus “fiéis” eleitores. Eurides Britto já estava cambaleante antes das denúncias. Naves está preso e Benício Tavares é veterano quando se trata de denúncias graves. Seu eleitorado sempre lhe dá outro voto de confiança. Nemer, Gomes, Pontes, e Pedro do Ovo ainda possuem esperança de não serem muito atingidos.

No Senado, existe chance de quê a esquerda faça dobradinha. Especialmente se Rollemberg ou Magela conseguirem o segundo voto dos eleitores de Cristovam (nesse ano, votaremos em dois candidatos ao Senado). A eleição para a Câmara Federal também repercutirá a abertura da Caixa de Pandora. Augusto Carvalho foi o mais afetado. Seus eleitores tradicionais são altamente suscetíveis à escândalos de corrupção e já não viam com bons olhos a aproximação excessiva entre ele e setores da direita. Outra vaga que deve ser aberta é a de Laerte Bessa, que teve atuação apagada e não conta mais com os votos do PMDB para atingir o quociente eleitoral. Seu destino deve ser a CLDF. Como Rollemberg, Rodovalho, Fraga e Magela têm a expectativas de mudar “status” indo para o Senado ou para o GDF, uma boa aposta passa a ser o nome de Reguffe.

A névoa que cobre Brasília começará a se dissipar nas convenções partidárias de abril e a oficialização dos candidatos. Até lá, o foco do noticiário político estará voltado para os bastidores dos partidos, para o plenário do STF que decidirá sobre a intervenção e para carceragem da Polícia Federal, onde Arruda experimenta seu ostracismo político. Como se pode ver, a “Caixa de Pandora” transformou o futuro político do DF em uma “Caixa de Surpresas”.

2 comentários:

André disse...

Essa gente é muito cata de pau. Será que eles conseguem dormir com tranquilidade?

Fábio Fernandes disse...

Excelente análise Léo! Parabéns!