28 julho 2010

Informações valiosas aos candidatos!

COMO O ELEITOR SE INFORMA PARA DECIDIR VOTAR! (extraído do blogo do César Maia)

1. O último Datafolha perguntou como os eleitores se informam para decidir seu voto. São duas formas de perguntar. Na primeira, o pesquisado cita apenas um meio. Na segunda, pode citar três. A internet sozinha fica com 7%, um número expressivo, pois se iguala ao rádio e se aproxima dos jornais, estes com 12%. Na segunda, a internet sobe para 27%. Claro, a TV, o grande veículo de massa, continua disparado em primeiro lugar: 65% e 88% respectivamente.

2. Mas há uma diferença: a TV é como se fosse uma chuva que atinge a todos. A internet é como uma mangueira de regar que só chega a pontos para onde é direcionada. Internet e Conversa com Amigos devem ser somadas. Uma é um boca a boca eletrônico e outra boca a boca direto. A soma na segunda pergunta alcança 59%. Mas a chuva da TV pode não chegar a quem está abrigado. Quem individualiza é a internet e a conversa entre amigos.

3. E ainda se acresce um dado fundamental. A comunicação direta via conversa com amigos e via internet tem um poder muito maior de transformar eleitores em multiplicadores, quando o eleitor passa a ser um indutor do voto. A TV espalha a informação. O boca a boca eletrônico ou direto fixa a informação, ou dispersa, subtrai o impacto ou multiplica.

4. (Folha SP, 28) A televisão é o principal meio de comunicação utilizado pelos eleitores brasileiros para se informar sobre os candidatos que disputam as eleições neste ano. Segundo o Datafolha, 65% dos entrevistados afirmam que a TV é a mídia preferida para obter informações. Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12% de preferência, e a internet e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um. Conversas com amigos ou familiares são apontadas por 6%.

5. (Folha SP, 28) Quando o Datafolha pede para os entrevistados citarem três meios de comunicação usados para se informar: 27% mencionam a internet, que fica atrás de conversas com amigos e familiares (32%). A TV é lembrada por 88% e continua em primeiro lugar. Em segundo vêm os jornais, com 54%, e rádio aparece em terceiro, com 52%. O Datafolha ouviu 10.905 eleitores em 379 municípios de todo o país (exceto Roraima). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

22 julho 2010

Texto publicado na edição de hoje da Folha de São Paulo!

Falta de instrução do eleitorado interfere no aperfeiçoamento da classe política

LEONARDO BARRETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil possui 27 milhões de eleitores analfabetos ou que sabem ler e escrever, mas nunca frequentaram uma escola. O dado assusta e lança dúvidas a respeito da qualidade do voto que escolhe parlamentares e governantes. Afinal, como esse eleitor toma sua decisão? Quais são suas características e preferências?
Para responder essas questões, é importante analisar a falta de instrução dentro de um quadro mais amplo. Normalmente, ela está associada a outros problemas como pobreza e falta de oportunidades. A literatura especializada costuma tratar esse tipo de eleitor como sendo mais vulnerável a propostas clientelistas de compra e venda de votos. Faz sentido.
Não é o caso de dizer que essas pessoas são "eticamente inferiores". O problema tem outra natureza. Normalmente, as perspectivas de melhoria de vida delas estão ligadas a algum tipo de ajuda governamental. Políticos se oferecem como intermediários dessas pessoas junto ao poder. Caso ela precise de uma ambulância no meio da noite, por exemplo, saberá para quem ligar. Claro, o elemento de troca do eleitor seria o voto.
Se isolarmos a variável educacional, o analfabetismo incidiria diretamente sobre a (in)capacidade do eleitor de acessar meios de informação ou de construir vários pontos de vista sobre uma questão. Esse eleitorado tende a replicar hábitos que lhes foram passados por costume, como voto por indicação.
A tendência desse grupo é replicar aquilo que o pai ou o avô faziam, sem muita capacidade crítica. Por esse motivo, é muito comum escutar, mesmo nos grandes centros, pessoas dizendo que irão votar "naquele candidato que der uma ajudinha para a família", assim como se fazia no tempo dos coronéis.
Outra consequência é a falta de condições de enxergar diferença entre as alternativas políticas disponíveis. Esse é um problema fatal para a democracia, pois ela é um sistema interminável que funciona na base de "tentativa e erro": punindo os políticos ruins e premiando os bons. Se a capacidade de distinguir quem é quem é comprometida, a democracia perde atratividade.
O dado sobre a falta de instrução do eleitorado mostra que o aperfeiçoamento da classe política passa pela qualificação dos eleitores. Ainda há muito por fazer.

LEONARDO BARRETO é cientista político e pesquisador da UnB


19 julho 2010

Radiografia estadual das eleições presidenciais!

Dimensões de uma eleição presidencial (por Leonardo Barreto)

Pode-se afirmar que uma eleição presidencial possui, no mínimo, duas dimensões. A primeira é partidáia e envolve inúmeras coligações.

A segunda é federativa. Isso significa dizer que, além de um pleito nacional, nós temos 27 eleições estaduais para presidente. Nesse aspecto, é muito importante realizar alianças estaduais e montar palanques vencedores também nas eleições para governador.

Ao analisar o número de palanques que cada presidenciável montou para as eleições estaduais, é possível observar uma larga vantagem para Dilma (PT). Ela conta com o apoio de 42 candidatos a governador, alcançando todas as unidades da federação. José Serra possui 25 palanques estaduais, não tendo "onde subir" nos estados do Amazonas e da Paraíba.

Analisando região por região, há equilíbrio no sul (3 X 3) e vitórias de Dilma nas regiões norte (13 X 6), centro oeste (5 X 4), sudeste (5 X 3) e nordeste (16 X 8).

Não deixem de visitar o site da empresa de consultoria e estudos políticos: www.casadepolitica.com.br

16 julho 2010

Perfil dos presidenciáveis (III)

José Serra (por David V. Fleischer)

José Serra nasceu no bairro de Mooca (cidade de São Paulo) em 19 de março de 1942 (hoje com 68 anos) filho único de um imigrante italiano (da região de Calábria) e uma brasileira filha de imigrantes italianos. Seu pai era vendedor de frutas no Mercado Municipal. Quando Serra já estava no segundo grau, a família mudou-se para o bairro Ipiranga.

Em 1960, ele ingressou no curso de engenharia civil na USP. Serra foi bastante ativo na política estudantil na USP e em 1962 foi eleito presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) com o apoio de José Carlos Seixas, Presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina da USP – com o apoio da Juventude Universitária Católica (JUC).

No final de 1962, Serra foi um dos fundadores da Ação Popular (AP) e participou de vários congressos de estudantes a nível estadual. Tornou-se bem conhecido, o que facilitou a sua eleição como presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em julho de 1963. Com 21 anos, José Serra foi o mais jovem orador durante o famoso comício na Central do Brasil (em 13 de março de 1964) defendendo as reformas de base.

Com a derrubada de João Goulart em 31 de março de 1964, Serra se escondeu no Rio por vários dias para depois se refugiar na Embaixada da Bolívia durante três meses. Dali conseguiu sair para a Bolívia e depois para o exílio na França.

Retornou ao Brasil clandestinamente em março de 1965 quando a AP tentou se reorganizar. Três meses depois se refugiou no Chile onde conheceu Cesar Maia, que lhe aconselhou estudar economia. Após estudos sobre a economia na CEPAL, concluiu seu mestrado em economia na Universidade do Chile em 1972. Trabalhou junto com Fernando Henrique Cardoso e Maria da Conceição Tavares na CEPAL. Em 1967, casou-se com a bailarina e psicóloga Sylvia Monica Allende Ledezma, com que teve dois filhos, Verônica (1969) e Luciano (1973).

Com o golpe militar do General Augusto Pinochet em 13 de setembro de 1973, Serra foi preso no aeroporto de Santiago quando tentava viajar para o exterior com a família e foi levado para o Estádio Nacional. Foi libertado e se refugiou na embaixada da Itália. Depois de oito meses, conseguiu um salvo-conduto e viajou para os Estados Unidos, onde concluiu seu doutorado em Economia na Cornell University em 1976.

Ministrou aulas de economia na Princeton University entre 1976 e 1978. Em 1978, retornou ao Brasil para tentar se eleger deputado pelo MDB, mas sua candidatura foi impugnada sob alegação que seus direitos políticos ainda estavam suspensos. Se engajou na campanha do então deputado André Franco Montoro para Senador (com Fernando H. Cardoso como suplente). Em 1979, foi contratado como professor na Unicamp e como pesquisador no CEBRAP.

Com a eleição de Franco Montoro para governador pelo PMDB em 1982, Serra se tornou Secretário Estadual de Economia e Planejamento. Em 1984, se licenciou para ajudar elaborar o plano de governo do candidato Tancredo Neves. Com a morte de Tancredo em abril de 1985, Serra retornou a São Paulo para reassumir o cargo de Secretário do Planejamento.

Em 1986, José Serra foi eleito deputado federal (constituinte) pelo PMDB. Na Constituinte, Serra foi relator da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Em junho de 1988, foi um dos fundadores do PSDB. Naquele ano, foi candidato à Prefeitura de São Paulo, cuja eleição (sem segundo turno ainda) foi vencida por Luiza Erundina (PT). Em 1990, Serra foi o mais votado para deputado federal com 340,000 votos – com apoio explícito da Febraban.

Em 1994, foi eleito para o Senado com 6,5 milhões de votos. Na composição do Ministério do novo governo Fernando H. Cardoso em 1995, embora os empresários paulistas quisessem vê-lo no Ministério da Indústria e Comércio, Serra foi cogitado para a pasta da Fazenda. Porém, Cardoso optou por Pedro Malan, e convidou Serra para o Ministério de Planejamento. Em 1996, renunciou a este cargo para novamente se candidatar à Prefeitura da Cidade de São Paulo, mas foi derrotado por Celso Pitta (indicado pelo então Prefeito Paulo Maluf, que havia sido eleito em 1992). Assim, retornou ao Senado até 1998.

Em 1998, o presidente Cardoso convidou o Senador José Serra para assumir o Ministério da Saúde, onde ele iniciou o programa de combate à AIDS e de incentivos para medicamentos genéricos. Ele quebrou várias patentes de medicamentos contra a AIDS, criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Porém, não teve muito sucesso no combate à dengue.

Em 2002, se tornou o candidato do PSDB à Presidência da República, mas foi derrotado por Luiz Ignácio Lula da Silva (PT). Serra recebeu 33 milhões de votos (38.7%) no segundo turno. Em 2002, o PFL recusou participar da coligação com o PSDB, pois muitos pefelistas acharam que José Serra tinha alguma ligação com a invasão do escritório do marido da Governadora Roseana Sarney, pela Polícia Federal, em São Luís em 1 de março de 2002. No final, o PMDB aceitou se coligar com o PSDB e lançou a deputada Rita Camata (ES) como Vice de Serra.

Porém, em 2004, Serra conseguiu atrair o PFL para uma coligação em apoio à sua terceira candidatura à Prefeitura de São Paulo com o deputado Gilberto Kassab como companheiro de chapa. Esta dupla venceu a Prefeita Marta Suplicy (PT) na sua tentativa de reeleição. Em abril de 2006, Kassab assumiu a prefeitura quando Serra se desincompatibilizou para concorrer ao governo do Estado de São Paulo. Eleito, José Serra governou o estado até abril de 2010, quando deixou o cargo para se tornar candidato à Presidência da República pelo PSDB, confirmado na convenção do partido em 12 de junho de 2010. Na sua convenção nacional realizada em 30 de junho, o DEM escolheu o deputado Índio da Costa (RJ) como Vice de Serra. Na última pesquisa eleitoral da Datafolha divulgada em 2 de julho, Serra estava com 39% de aprovação.

15 julho 2010

Perfil dos presidenciáveis (II)

Dilma Rousseff (por David Fleischer)

Dilma Vana Rousseff nasceu em Belo Horizonte, MG, em 14 de dezembro de 1947 (hoje com 62 anos), filha de Pétar Russév, imigrante búlgaro que chegou ao Brasil no final dos anos 30 (antes da segunda guerra) que faleceu em 1962. Numa viagem à Uberaba, conheceu a fluminense de Nova Friburgo, Dilma Jane Silva e casaram-se, fixando residência em Belo Horizonte. Pétar Russév era industrial e empreiteiro, tendo prestado serviços para a siderúrgica Mannesmann e construído prédios em Belo Horizonte. Antes de imigrar para o Brasil, Russév militou no Partido Comunista Búlgaro.

Dilma fez o curso pré-escola no colégio Isabela Hendrix e em 1955 iniciou o ensino fundamental no colégio Nossa Senhora de Sion. Em 1964, ingressou no colégio estadual central e entrou na POLOP vinculado ao PSB ao lado do futuro deputado tucano José Anibal. Em 1966, foi para a Colina-Comando de Libertação Nacional onde conheceu Cláudio Galeno de Magalhães Linhares com quem se casou em 1967. Cinco anos mais velho, Galeno havia servido no Exército e participou da revolta dos marinheiros em março de 1964 e ficou preso na Ilha das Cobras. Em 1967 e 1968, Dilma cursou Economia na UFMG.

Em janeiro de 1969, um grupo da Colina foi surpreendido pela polícia em Belo Horizonte, mas conseguiu escapar matando dois policiais. Por isso, em março de 1969, Galeno e Dilma foram para o Rio de Janeiro, junto com outro militante da Colina – Fernando Pimentel (futuro prefeito de Belo Horizonte). A organização mandou Galeno para Porto Alegre e Dilma ficou no Rio de Janeiro onde conheceu o gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo (então com 31 anos) e se apaixonou por ele. Ficaram juntos por quase 30 anos.

Araújo era chefe da dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e havia viajado pela América Latina e Cuba, tendo conhecido Fidel Castro e Che Guevara. Em 1969, Araújo tratou de articular a fusão da Colina com a VPR, liderada por Carlos Lamarca. Este teria ficado com a impressão de que Dilma era “metida a intelectual” – por que teria defendido um trabalho político pelas bases e criticou a visão militarista da VPR-Palmares.

Alegam que em junho de 1969, Dilma foi a organizadora do roubo de um cofre que pertencia ao ex-governador de São Paulo, Ademar de Barros, na cidade de Rio de Janeiro, que continha 2,5 milhões de dólares. Esta ação veio a ser a mais rendosa de toda a luta armada daquela época. De acordo com o ex-Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou desta ação, Dilma não se envolveu diretamente com o roubo deste cofre.

A VAR-Palmares também planejou o sequestro do então Ministro da Fazenda Delfim Neto em dezembro de 1969. Naquele ano, houve uma divisão entre os grupos militarista e “basista”. Dilma ficou com este e se mudou para São Paulo onde foi presa pela OBAN em janeiro de 1970. Ela foi torturada e condenada a dois anos de prisão. O promotor no caso a chamou da “Joana d’Arc da subversão”. Neste meio tempo, Araújo foi preso em Porto Alegre em agosto de 1970.

Libertada no fim de 1972, e depois de passar um tempo com a família em Belo Horizonte, mudou-se para Porto Alegre onde Araújo foi libertado em julho de 1974. Em 1976, nasceu a sua filha, Paula Rousseff Araújo e em 1977 ela formou se em Economia pela UFRGS. Passou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do governo estadual.

No final de 1977, Dilma foi demitida da FEE, em razão de uma lista de “subversivos” no governo, elaborada pelo então Ministro do Exército, Silvio Frota, que foi demitido pelo presidente Geisel em outubro de 1977. Com isso, Dilma se ingressou na pós-graduação em economia na Unicamp.

Em 1980, Dilma e Araújo participaram da fundação do PDT no Rio Grande do Sul e ele foi eleito deputado estadual em 1982, 1986 e 1990, e Dilma se tornou assessora da bancada na AL-RS. Com a eleição de Alceu Collares para a prefeitura de Porto Alegre em 1985, Dilma foi nomeada Secretária Municipal da Fazenda. Em 1988, ela deixou este posto para trabalhar na campanha de Araújo para a prefeitura de Porto Alegre.

Em 1990, Collares foi eleito Governador do Rio Grande do Sul em coligação com o PSDB e indicou a Dilma para presidir a FEE-RS até 1993, quando ele a nomeou como Secretária de Energia, Minas e Comunicação – por influência de Carlos Araújo e seu grupo. Em 1995, ela retornou à FEE e mais tarde voltou à Unicamp.

Em 1998, Olívio Dutra foi eleito governador com apoio do PDT no segundo turno e a Dilma voltou a ocupar a Secretaria de Minas e Energia. Por ocasião da campanha para a prefeitura de Porto Alegre em 2000, o Presidente Nacional do PDT, Leonel Brizola, rompeu com o PT-RS e lançou Collares contra Tarso Genro (PT). Dilma pressionou para manter a aliança PT-PDT, mas acabou se filiando ao PT e apoiou Tarso Genro que acabou vencendo este pleito.

A partir de 2001, Dilma Rousseff integrou o grupo de trabalho sobre o setor energético que organizava o programa de campanha para Lula em 2002. Para a surpresa de muitos, Lula escolheu Dilma para ser sua Ministra de Minas e Energia ao invés do Prof. Luiz Pinguelli Rosa (que foi para a Eletrobrás).

Dilma ficou quase dois anos e meio à frente do MM&E, tendo assumido o posto chave da Chefia da Casa Civil, quando José Dirceu retornou à Câmara dos Deputados em junho de 2005 para se defender em relação ao escândalo do mensalão. Na sua gestão no MM&E, Dilma se preocupou com a previsão de outro “apagão” em 2009, e travou um embate com a Ministra de Meio Ambiente, Marina Silva para conseguir liberar as licenças para a construção de novas hidroelétricas.

O presidente Lula havia percebido que no MM&E Dilma fazia as coisas andarem. De acordo com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), quando a Dilma assumiu a pasta, “a seriedade se impôs na Casa Civil”.

Em 2007 e 2008, a imprensa nacional e internacional começou especular sobre a possibilidade da Dilma se candidatar à sucessão de Lula em 2010. Em dezembro de 2008, Lula afirmou que Dilma era a “pessoa mais gabaritada” para lhe suceder. Em 2009 e 2010, Lula passou a visitar muitas obras do PAC e participar de inaugurações em companhia da Chefe da Casa Civil – ao ponto que ele foi multado várias vezes pelo TSE em 2010 por “campanha política antecipada”.

Em abril de 2009, Dilma revelou que estava em tratamento contra um linfoma – câncer no sistema linfático. O tratamento incluiu várias sessões de quimioterapia aplicadas no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. No final de 2009, os médicos confirmaram a sua cura.

No primeiro semestre de 2010, o PT conseguiu firmar uma aliança com o PMDB em apoio à candidatura da Dilma à Presidência da República com o Presidente Nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP) como vice. No final de março, ela se desincompatibilizou da Casa Civil e finalmente a sua candidatura foi confirmada em convenção nacional do PT em 15 de junho de 2010. Na última pesquisa eleitoral da Datafolha divulgada em 2 de julho, ela obteve 38% de aprovação. Em setembro, no auge da campanha, a Dilma vai ser avó.

14 julho 2010

Perfil dos presidenciáveis (I)

Marina Silva (por David V. Fleischer)

Marina Silva nasceu em 8 de fevereiro de 1958 num lugar chamado Breu Velho, no seringal Bagaço, a 70 km da capital do Acre, Rio Branco e tem 52 anos. Seus pais tiveram onze filhos, dos quais oito sobreviveram. Aos 15 anos (em 1973), Marina foi levada a cidade de Rio Branco com uma hepatite que foi confundida com malária e foi acolhida pelas Irmãs Servas de Maria. Ainda analfabeta, foi matriculada no Mobral e foi trabalhar como empregada doméstica.

Após concluir o primeiro e segundo graus orientada pelas freiras, ela entrou para o Curso de História na Universidade Federal do Acre. Neste curso teve contato com autores marxistas, o que a levou a ingressar no Partido Revolucionário Comunista (PRC) que na época era uma “tendência” dentro do PT, sob o comando do Deputado José Genoíno.

Tornou-se professora na rede de ensino público de segundo grau e se engajou no movimento sindical local. Junto com Chico Mendes, fundaram a CUT no Acre em 1984. Em 1986 se filiou ao PT e candidatou-se a deputada federal, mas não foi eleita. Em 1988, foi a vereadora mais votada em Rio Branco e logo depois, em dezembro daquele ano, Chico Mendes foi brutalmente assassinado. Assim, Marina Silva herdou a liderança da luta em favor dos seringueiros e pequenos proprietários, bem como o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável no Acre.

Em 1990, foi eleita deputada estadual e logo se descobriu doente – foi contaminada por metais pesados (usados no garimpo) quando ainda morava no seringal. Em 1994, foi eleita Senadora pelo PT-AC aos 36 anos. E quebrou a “tradição” de somente eleger ex-governadores e grandes empresários como senadores acreanos. Em 2002, ela foi reeleita.

Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente do Brasil em 2002, Marina Silva se tornou Ministra do Meio Ambiente em 2003. Na sua gestão, o Ibama foi acusado de bloquear o crescimento econômico, por demorar na liberação de licenças ambientais para as obras de infra-estrutura e, em dezembro de 2006, a Ministra ameaçou renunciar.

Em razão da demora na liberação das licenças ambientais (RIMAs) para as obras de duas hidroelétricas no Rio Madeira (em Rondônia), o presidente Lula dividiu o Ibama em duas partes e conseguiu as licenças rapidamente. Finalmente, em maio de 2008, cinco dias após o lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS), cuja administração foi entregue (por Lula) para Roberto Mangabeira Unger – sem nenhuma participação de Marina Silva – ela entregou a carta de demissão por causa da falta de sustentação da política ambiental no Brasil e voltou ao Senado.

Por sua incansável defesa do meio ambiente no Brasil, Marina Silva se tornou um ícone internacional -- o Prêmio Goldman do Meio Ambiente (1996); o prêmio Champions of the Earth concedido pela ONU (2007); o prêmio norueguês Sofia de 100 mil dólares (2009); e o prêmio Mudanças Climáticas da Fundação Príncipe Albert II de Mônaco (2009).

Em agosto de 2009, Marina Silva deixou o PT e entrou no PV (Partido Verde) em preparação para se tornar candidata à Presidência da República, fato que foi confirmado na Convenção Nacional do PV em 11 de junho de 2010. Também foi confirmado o empresário Guilherme Leal (PV-SP) como o vice de Marina. Na última pesquisa eleitoral da Datafolha divulgada em 2 de julho, Marina Silva obteve 10% de aprovação. Numa comparação com Lula, a Marina explicou que desde 1989 o eleitor brasileiro pôde votar em Senhor Silva cinco vezes, mas em 2010 pode votar em Senhora Silva.

Marina é casada com o técnico agrícola Fábio Vaz de Lima e tem quatro filhos. Embora tenha sido educada no catolicismo e ter sido muito ativa nos movimentos da Igreja ligados a Teologia da Libertação no Acre (CEBs), hoje ela professa o cristianismo evangélico (Assembléia de Deus).

05 julho 2010

O futuro da mídia no Brasil!

A velha mídia está derretendo (por Antônio Lassance, pesquisador do IPEA)

Pesquisa aponta que quase 60% das pessoas acham que as notícias veiculadas pela imprensa brasileira são tendenciosas. Oito em cada dez brasileiros acreditam muito pouco ou não acreditam no que a imprensa veicula. Quanto maior o nível de renda e de escolaridade do brasileiro, maior o senso crítico em relação ao que a mídia veicula.

Como um iceberg a navegar em águas quentes e turbulentas, a velha mídia está derretendo. O mundo está mudando, o Brasil é outro e os brasileiros desenvolvem, aceleradamente, novos hábitos de informação. Um retrato desse processo pode ser visto na recente pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom-P.R.), destinada a descobrir o que o brasileiro lê, ouve, vê e como analisa os fatos e forma sua opinião.

A pesquisa revelou as dimensões que o iceberg ainda preserva. A televisão e o rádio permanecem como os meios de comunicação mais comuns aos brasileiros. A TV é assistida por 96,6% da população brasileira, e o rádio, por expressivos 80,3%. Os jornais e revistas ficam bem atrás. Cerca de 46% costumam ler jornais, e menos de 35%, revistas. Perto de apenas 11,5% são leitores diários dos jornais tradicionais.

Quanto à internet, os resultados, da forma como estão apresentados, preferiram escolher o lado cheio do copo. Avalia-se que a internet no Brasil segue a tendência de crescimento mundial e já é utilizada por 46,1% da população brasileira. No entanto, é preciso uma avaliação sobre o lado vazio do copo, ou seja, a constatação de que os 53,9% de pessoas que não têm qualquer acesso à internet ainda revelam um quadro de exclusão digital que precisa ser superado. Ponto para o Programa Nacional da Banda Larga, que representa a chance de uma mudança estrutural e definitiva na forma como os brasileiros se informam e comunicam-se.

A internet tem devorado a TV e o rádio com grande apetite. Os conectados já gastam, em média, mais tempo navegando do que em frente à TV ou ao rádio. Esse avanço relaciona-se não apenas a um novo hábito, mas ao crescimento da renda nacional e à incorporação de contingentes populacionais pobres à classe média, que passaram a ter condições de adquirir um computador conectado.

O processo em curso não levará ao desaparecimento da TV, do rádio e da mídia impressa. O que está havendo é que as velhas mídias estão sendo canibalizadas pela internet, que tornou-se a mídia das mídias, uma plataforma capaz de integrar os mais diversos meios e oferecer ao público alternativas flexíveis e novas opções de entretenimento, comunicação pessoal e “autocomunicação de massa”, como diz o espanhol Manuel Castells.

Ainda usando a analogia do iceberg, a internet tem o poder de diluir, para engolir, a velha mídia. A pesquisa da Secom-P.R. dá uma boa pista sobre o grande sucesso das plataformas eletrônicas das redes sociais. A formação de opinião entre os brasileiros se dá, em grande medida, na interlocução com amigos (70,9%), família (57,7%), colegas de trabalho (27,3%) e de escola (6,9%), o namorado ou namorada (2,5%), a igreja (1,9%), os movimentos sociais (1,8%) e os sindicatos (0,8%). Alerta para movimentos sociais, sindicatos e igrejas: seu “sex appeal” anda mais baixo que o das(os) namoradas(os).

Estes números confirmam estudos de longa data que afirmam que as redes sociais influem mais na formação da opinião do que os meios de comunicação. Por isso, uma informação muitas vezes bombardeada pela mídia demora a cair nas graças ou desgraças da opinião pública: ela depende do filtro excercido pela rede de relações sociais que envolve a vida de qualquer pessoa. Explica também por que algo que a imprensa bombardeia como negativo pode ser visto pela maioria como positivo. A alta popularidade do Governo Lula, diante do longo e pesado cerco midiático, talvez seja o exemplo mais retumbante.

Em suma, o povo não engole tudo o que se despeja sobre ele: mastiga, deglute, digere e muitas vezes cospe conteúdos que não se encaixam em seus valores, sua percepção da realidade e diante de informações que ele consegue por meios próprios e muito mais confiáveis.

É aqui que mora o perigo para a velha mídia. Sua credibilidade está descendo ladeira abaixo. Segundo a citada pesquisa, quase 60% das pessoas acham que as notícias veiculadas pela imprensa são tendenciosas.Um dado ainda mais grave: 8 em cada 10 brasileiros acreditam muito pouco ou não acreditam no que a imprensa veicula. Quanto maior o nível de renda e de escolaridade do brasileiro (que é o rumo da atual trajetória do país), maior o senso crítico em relação ao que a mídia veicula - ou “inocula”.

A velha mídia está se tornando cada vez mais salgada para o povo. Em dois sentidos: ela pode estar exagerando em conteúdos cada vez mais difíceis de engolir, e as pessoas estão cada vez menos dispostas a comprar conteúdos que podem conseguir de graça, de forma mais simples, e por canais diretos, mais interativos, confiáveis, simpáticos e prazerosos. Num momento em que tudo o que parece sólido se desmancha... na água, quem quiser sobreviver vai ter que trocar as lições de moral pelas explicações didáticas; vai ter que demitir os pit bulls e contratar mais explicadores, humoristas e chargistas. Terá que abandonar o cargo, em que se autoempossou, de superego da República. Do contrário, obstinados na defesa de seus próprios interesses e na descarga ideológica coletiva de suas raivas particulares, alguns dos mais tradicionais veículos de comunicação serão vítimas de seu próprio veneno. Ao exagerarem no sal, apenas contribuirão para acelerar o processo de derretimento do impávido colosso iceberg que já não está em terra firme.

01 julho 2010

Fotos dos candidatos da chapa PSDB-DEM!

José "Burns" Serra

Índio "da" Costa

Chegando agora...!


Com vocês, Antonio Pedro de Siqueira Indio da Costa (por ele mesmo)

Biografia retirada do seu site... Deputado Federal, do Partido Democratas (DEM), eleito em 2006. É membro da CCJ - Comissão de Constituição e Justiça; da Comissão de Defesa do Consumidor; e da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. É relator do Estatuto da Metrópole. Foi relator da atual lei 135 de 2010, conhecida como "Ficha Limpa". Publicações: Administração Pública no Século XXI – Foco no Cidadão; Qualitymark, 2007. A Reforma do Poder: o caso da Secretaria de Administração do RJ; Qualitymark 2003. Autor do Prefácio: A Harmonia do conflito: a arte da estratégia de Sun Tzu, Lima, Carlos; Qualitymark, 1998. Funções Públicas: – COMUDES 1993 Conselho Municipal de Desenvolvimento da Cidade do Rio de Janeiro Prefeitinho, Parque do Flamengo 1994/1995 Administrador Regional Copacabana e Leme - 1995/1996 Secretário Municipal de Administração da Prefeitura do Rio de Janeiro - 2001/2006 Atuou com foco na desburocratização, criando um sistema de Administração matricial, reduzindo níveis hierárquicos, prazos e custos. Valorizou a transparência e o Servidor Público de carreira. Nascido no Rio de Janeiro, em 1970, Bacharel em Direito pela Universidade Cândido Mendes, com especialização em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mandatos Eletivos: Vereador da Cidade do Rio de Janeiro, pelo antigo Partido da Frente Liberal (PFL) e atualmente Democratas (DEM), eleito em 1996, 2000 e 2004. Na Câmara de Vereadores, integrou comissões de Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira; Constituição e Justiça; Educação e Cultura e Turismo. É co-autor da política de turismo da cidade do Rio de Janeiro.