16 julho 2010

Perfil dos presidenciáveis (III)

José Serra (por David V. Fleischer)

José Serra nasceu no bairro de Mooca (cidade de São Paulo) em 19 de março de 1942 (hoje com 68 anos) filho único de um imigrante italiano (da região de Calábria) e uma brasileira filha de imigrantes italianos. Seu pai era vendedor de frutas no Mercado Municipal. Quando Serra já estava no segundo grau, a família mudou-se para o bairro Ipiranga.

Em 1960, ele ingressou no curso de engenharia civil na USP. Serra foi bastante ativo na política estudantil na USP e em 1962 foi eleito presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) com o apoio de José Carlos Seixas, Presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina da USP – com o apoio da Juventude Universitária Católica (JUC).

No final de 1962, Serra foi um dos fundadores da Ação Popular (AP) e participou de vários congressos de estudantes a nível estadual. Tornou-se bem conhecido, o que facilitou a sua eleição como presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em julho de 1963. Com 21 anos, José Serra foi o mais jovem orador durante o famoso comício na Central do Brasil (em 13 de março de 1964) defendendo as reformas de base.

Com a derrubada de João Goulart em 31 de março de 1964, Serra se escondeu no Rio por vários dias para depois se refugiar na Embaixada da Bolívia durante três meses. Dali conseguiu sair para a Bolívia e depois para o exílio na França.

Retornou ao Brasil clandestinamente em março de 1965 quando a AP tentou se reorganizar. Três meses depois se refugiou no Chile onde conheceu Cesar Maia, que lhe aconselhou estudar economia. Após estudos sobre a economia na CEPAL, concluiu seu mestrado em economia na Universidade do Chile em 1972. Trabalhou junto com Fernando Henrique Cardoso e Maria da Conceição Tavares na CEPAL. Em 1967, casou-se com a bailarina e psicóloga Sylvia Monica Allende Ledezma, com que teve dois filhos, Verônica (1969) e Luciano (1973).

Com o golpe militar do General Augusto Pinochet em 13 de setembro de 1973, Serra foi preso no aeroporto de Santiago quando tentava viajar para o exterior com a família e foi levado para o Estádio Nacional. Foi libertado e se refugiou na embaixada da Itália. Depois de oito meses, conseguiu um salvo-conduto e viajou para os Estados Unidos, onde concluiu seu doutorado em Economia na Cornell University em 1976.

Ministrou aulas de economia na Princeton University entre 1976 e 1978. Em 1978, retornou ao Brasil para tentar se eleger deputado pelo MDB, mas sua candidatura foi impugnada sob alegação que seus direitos políticos ainda estavam suspensos. Se engajou na campanha do então deputado André Franco Montoro para Senador (com Fernando H. Cardoso como suplente). Em 1979, foi contratado como professor na Unicamp e como pesquisador no CEBRAP.

Com a eleição de Franco Montoro para governador pelo PMDB em 1982, Serra se tornou Secretário Estadual de Economia e Planejamento. Em 1984, se licenciou para ajudar elaborar o plano de governo do candidato Tancredo Neves. Com a morte de Tancredo em abril de 1985, Serra retornou a São Paulo para reassumir o cargo de Secretário do Planejamento.

Em 1986, José Serra foi eleito deputado federal (constituinte) pelo PMDB. Na Constituinte, Serra foi relator da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Em junho de 1988, foi um dos fundadores do PSDB. Naquele ano, foi candidato à Prefeitura de São Paulo, cuja eleição (sem segundo turno ainda) foi vencida por Luiza Erundina (PT). Em 1990, Serra foi o mais votado para deputado federal com 340,000 votos – com apoio explícito da Febraban.

Em 1994, foi eleito para o Senado com 6,5 milhões de votos. Na composição do Ministério do novo governo Fernando H. Cardoso em 1995, embora os empresários paulistas quisessem vê-lo no Ministério da Indústria e Comércio, Serra foi cogitado para a pasta da Fazenda. Porém, Cardoso optou por Pedro Malan, e convidou Serra para o Ministério de Planejamento. Em 1996, renunciou a este cargo para novamente se candidatar à Prefeitura da Cidade de São Paulo, mas foi derrotado por Celso Pitta (indicado pelo então Prefeito Paulo Maluf, que havia sido eleito em 1992). Assim, retornou ao Senado até 1998.

Em 1998, o presidente Cardoso convidou o Senador José Serra para assumir o Ministério da Saúde, onde ele iniciou o programa de combate à AIDS e de incentivos para medicamentos genéricos. Ele quebrou várias patentes de medicamentos contra a AIDS, criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Porém, não teve muito sucesso no combate à dengue.

Em 2002, se tornou o candidato do PSDB à Presidência da República, mas foi derrotado por Luiz Ignácio Lula da Silva (PT). Serra recebeu 33 milhões de votos (38.7%) no segundo turno. Em 2002, o PFL recusou participar da coligação com o PSDB, pois muitos pefelistas acharam que José Serra tinha alguma ligação com a invasão do escritório do marido da Governadora Roseana Sarney, pela Polícia Federal, em São Luís em 1 de março de 2002. No final, o PMDB aceitou se coligar com o PSDB e lançou a deputada Rita Camata (ES) como Vice de Serra.

Porém, em 2004, Serra conseguiu atrair o PFL para uma coligação em apoio à sua terceira candidatura à Prefeitura de São Paulo com o deputado Gilberto Kassab como companheiro de chapa. Esta dupla venceu a Prefeita Marta Suplicy (PT) na sua tentativa de reeleição. Em abril de 2006, Kassab assumiu a prefeitura quando Serra se desincompatibilizou para concorrer ao governo do Estado de São Paulo. Eleito, José Serra governou o estado até abril de 2010, quando deixou o cargo para se tornar candidato à Presidência da República pelo PSDB, confirmado na convenção do partido em 12 de junho de 2010. Na sua convenção nacional realizada em 30 de junho, o DEM escolheu o deputado Índio da Costa (RJ) como Vice de Serra. Na última pesquisa eleitoral da Datafolha divulgada em 2 de julho, Serra estava com 39% de aprovação.

2 comentários:

Erik Sales disse...

A foto poderia ser outra!
kkk

Craudio disse...

Prezado,
Não houve quebra de patentes (mecanismo ilegal). Houve foi licenciamento compulsório (mecanismo legal). Nenhuma patente foi quebrada durante a gestão do Serra. Um fato importante omitido em seu texto foi a extraordinária campanha liderada pelo José Serra na ONU, que resultou na vitória brasileira na OMC, durante o embate com os EUA, onde o governo brasileiro conseguiu convencer os demais países de que o acesso aos medicamentos era um direito humano. Quebra de patentes, coisa ilegal e indecorosa só no governo Lula.
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/genericos/noticias/2001/240401.htm#24_5