30 junho 2009

A festa da democracia!



Ao contrário do que muita gente acha, não acredito que esses candidatos "malucos" representem algo negativo. Pelo contrário, mostra que a possibilidade formal de concorrer a um cargo está ao alcance de todos. Eles são uma manifestação da nossa cultura política.

De um jeito ou de outro, eles também compõem a festa de democracia! 

29 junho 2009

Sarney e o Tempo!


Sarney e o Tempo

O tempo é a única coisa que existe. Ele transforma, ensina e julga. Não é o tempo que passa por nós, mas somos nós que passamos por ele. Há aqueles que conseguem desvendá-lo e antecipá-lo. Estes recebem o reconhecimento da história. Há outros que desejam pará-lo e até retrocedê-lo. Estes são esmagados.

O caso mais clássico do julgamento do tempo é o do ex-presidente americano Richard Nixon. Durante deu período na Casa Branca, Nixon mandou espionar o escritório do partido de oposição e foi descoberto. A repercussão do escândalo, conhecido como Water Gate, forçou Nixon a renunciar ao posto de homem mais poderoso do mundo.

Tempos depois, Nixon foi entrevistado sobre o episódio. Enquanto a nação americana esperava arrependimento do ex-presidente, recebeu exatamente o contrário. Nixon acreditava não ter feito nada de errado! Passou para a história como o autor de uma das frase mais nefasta de todos os tempos: “Quando é o presidente que faz, isso significa que não é ilegal” (When the president does it, that means it is not illegal). Sua recompensa foi o enterro definitivo da sua vida política.

O ex-presidente brasileiro José Sarney segue os mesmos passos. Os escândalos revelados recentemente no Senado Federal colocaram Sarney na defensiva. Em primeiro lugar, descobriu-se que burocratas nomeados por ele se valiam de “atos-secretos” para distribuírem privilégios entre si. Posteriormente, a imprensa foi divulgando, a conta gotas, que diversos parentes do senador estavam empregados indevidamente ou aproveitavam-se da sua influência para obter toda sorte de vantagens.

Para defender-se das denúncias, Sarney subiu à tribuna do Senado. Visivelmente nervoso, dirigiu-se aos seus pares e à nação para oferecer as explicações devidas. Quando todos esperavam algum pedido de desculpas ou o reconhecimento de um erro, de que não deveria ter acolhido tantos parentes nas estruturas de poder, o senador andou no sentido oposto: opulento, Sarney declarou que os brasileiros não tinham o direito de julgá-lo e alegou que seus préstimos passados isentam-no de responder pelos seus atos (“É uma injustiça do país julgar um homem como eu”).

Há três coisas erradas com o pronunciamento. Primeiro, os brasileiros não são tão gratos assim ao seu governo. Sarney deixou o Planalto com baixíssima popularidade, apresentando índices inferiores a 20%. Segundo, o ex-presidente deveria saber que o julgamento público é inerente à vida política. Na qualidade de ex-ocupante da presidência, Sarney deveria ser o maior exemplo da nação, exemplificar com sua vida a regra que deve ser seguida. E não a exceção a ser perdoada. Terceiro, o principal fundamento das repúblicas é a capacidade das instituições de julgarem seus poderosos da mesma forma que julgam seus cidadãos mais humildes.

O discurso de Sarney mostrou alguém confuso e incrédulo, como quem acabara de acordar de um grande sono. Os anos no poder entorpeceram-no. Sarney não viu que o Brasil desenvolveu-se e ainda recusa-se a aceitar o fim dos velhos padrões patrimonialistas.  Não aprendeu com seus três antecessores que renunciaram à presidência do Senado por motivos da mesma natureza que os seus. Não mudou enquanto era tempo e agora vê-se perdido.

Sarney não é o primeiro a perder a conexão com seu tempo. Sua sensação deve ter ser equivalente à de Vargas, quando percebeu que governar em ambiente democrático era uma tarefa muito mais árdua do que havia sido no Estado Novo. Ou à de Carlos Lacerda, quando despertou para o fato de que os militares não devolveriam o governo aos civis depois de tomá-lo em 1964.

O choque do tempo pode levar ao suicídio, como aconteceu com Vargas. Ao arrependimento e ao aprendizado, como no caso de Lacerda. Ou à perplexidade e à paralisia, como demonstra Sarney.

Provavelmente, Sarney não será julgado pelo conselho de ética ou pelo plenário do Senado. Tão pouco chegará a sentar-se na cadeira dos réus do Supremo Tribunal Federal. No entanto, não escapará do tempo, que tudo julga. Os brasileiros podem não ser capazes de tocá-lo. Mas a história se encarregará de colocá-lo no seu devido lugar. Possivelmente, ao lado de Richard Nixon. 

25 junho 2009

Princípios de dominação pela propaganda (Goebbels)!

1. SIMPLIFICAÇÃO OU DO INIMIGO ÚNICO. Adotar uma única ideia, um único símbolo. Individualizar o adversário em um único inimigo.  

2. MÉTODO DO CONTÁGIO. Reunir diversos adversários em uma só categoria, em uma soma individualizada. 

3. TRANSPOSIÇÃO. Carregar sobre os adversários seus próprios erros e defeitos, respondendo ataque com ataque. Se não podes negar as más notícias, invente outras que as distraiam. 

4. EXAGERAR E DESFIGURAR. Converter qualquer história, por menor que seja, em ameaça grave. 

5. VULGARIZAÇÃO. Toda propaganda deve ser popular, adaptando seu nível ao menos instruído dos indivíduos aos quais se dirija. Quanto maior a massa a convencer, menor o esforço mental a realizar. A capacidade receptiva das massas é limitada, sua compreensão escassa e tem grande facilidade para esquecer. 

6. ORQUESTRAÇÃO. A propaganda deve limitar-se a um número pequeno de ideias e repeti-las incansavelmente, apresentando-as uma e outra vez, de diferentes perspectivas, mas sempre convergindo para o mesmo conceito, sem fissuras nem dúvidas. 

7. RENOVAÇÃO. Emitir sempre, informações e argumentos novos a um ritmo tal que quando o adversário responda, o público já esteja interessado em outra coisa. 

8. VEROSSIMILHANÇA. Construir argumentos a partir de fontes diversas, através de informações fragmentárias. 

9. SILENCIAÇÃO. Encobrir as questões sobre as quais não tenha argumentos e dissimular as notícia que favorecem o adversário, contraprogramando com a ajuda dos meios de comunicação afins. 

10. TRANSFUSÃO. A propaganda sempre opera a partir de um substrato preexistente, seja uma mitologia nacional, ou um complexo de ódios e preconceitos tradicionais. Trate de difundir argumentos que possam arraigar-se em atitudes primitivas. 

11. UNANIMIDADE. Convencer a muita gente de que pensa "como todo mundo", criando uma (falsa) impressão de unanimidade.

(Para quem não sabe, Goebbels foi o mestre da propaganda nazista - mais uma nota retirada do blog do Cesar Maia). 

24 junho 2009

Conclusões acerca da pesquisa GPP-Brasil (publicada abaixo):


1. A maior parte dos eleitores brasileiros não classificam os partidos segundo seu espectro ideológico (esquerda, direita ou centro);

2. José Serra tem uma forte identificação com a saúde (tema importante da próxima campanha);

3. O PT é o partido que possui a melhor avaliação geral do país;

4. Lula não influencia 52% da população (ou seja, o presidente é um cabo eleitoral poderoso, mas não elege poste);

23 junho 2009

Pesquisa importante!

GPP-BRASIL: SEM CIRO GOMES, DILMA PASSA SERRA NO NORDESTE! IDEOLOGIA NÃO DIFERENCIA PARTIDOS! PAC NÃO MARCA!
                                                
Pesquisa GPP-Brasil, de 11 a 14 de junho, com 2 mil entrevistas. Alguns resultados.
          
1. A pesquisa espontânea inovou e perguntou quem seria o melhor presidente para o Brasil, hoje. Com isso, se testa todo o potencial de Lula. Lula obteve 42%, Serra 8%, Aécio 4%, Dilma 3%, Ciro 1%, H. Helena 1%. Pesquisa com NOMES: Serra 42%, Dilma 17% (entre os que têm até primeiro grau incompleto Dilma tem 8%), Ciro 16%, H. Helena 9%. Extremos. No Sul, Serra tem 52%, Dilma 12%, Ciro 11% e H. Helena 7%. No Nordeste, Serra tem 35%, Dilma 19%, Ciro 23% e H. Helena 9%.
          
2. Sem Ciro Gomes, Serra teria 46%, Dilma 29%, etc. No Nordeste, Serra teria 37,6% e Dilma 41,4%. Curiosamente, ambos torcem para Ciro não ser candidato. Serra, pelo tipo de campanha que faz Ciro. Dilma, pela imprevisibilidade de Ciro, que poderia atirar na política econômica de Lula, como vem fazendo. Lula quer um plebiscito no primeiro turno. E o PSOL decide em agosto se mantém ou retira a candidatura de HH, para ser candidata ao senado.
          
3. A pesquisa com nomes pergunta quem seria o melhor presidente para: a)enfrentar a Crise Econômica, Serra 39%, Dilma 18%, Ciro 18%, HH 7%. b)Para enfrentar os problemas de Saúde Pública, Serra tem 51%, Dilma 12%, Ciro 12% e HH 8%. c) Para Segurança Pública, Serra tem 37%, Dilma 12%, Ciro 18% e HH 10%. d) Para continuar o Bolsa Família, Serra tem 34%, Dilma 26%, Ciro 14% e HH 10%. Para continuar o Bolsa Família, no Nordeste, Serra tem 30%, Dilma 29%, Ciro 19% e HH 9%.
          
3. Você quer votar num candidato do presidente Lula (42%), de Oposição a Lula (20%), Tanto Faz (32%)? No Nordeste, candidato de Lula tem 58%. No Sul, 30%. Quem é o candidato(a) de Lula? Dilma 52%, Serra 8%, Ciro 6%, HH 5%. Não Sabe 29%.
          
4. Serra x Aécio. Serra 59%, Aécio 25%. Sul: Serra 67%, Aécio 13%. Sudeste: Serra 52%, Aécio 34%.
          
5. Lula está pior: Saúde 41% (em maio de 2007 eram 23%), Segurança 31% (em maio de 2007 eram 44%), Educação 11%, Economia 6%, etc. /  Lula está melhor: Programas Sociais 37% (no Nordeste 47%),  Economia 24%, Educação 13%, Obras do PAC 6%, Saúde 5%, etc.
          
6. Avaliação de Lula: Ótimo+Bom 59% (Nordeste 70% e Norte/Centro-Oeste 68%), Regular 32%, Ruim+Péssimo 9%. / Como Lula está enfrentado a Crise Econômica: Bem 46%, Mais ou Menos 43%, Mal 9%. / Crise afetou o Brasil: Mais que outros países 9%, Mesma coisa 34%, Menos que outros países 51% / E em relação a você e sua família a crise afetou, Muito 19%, Pouco 44%, Nada 35%.
          
7. Na sua cidade existe alguma obra do PAC? Sim 22% (Norte/Centro Oeste 37%), Não 30%. Não Sabe 48% (Nordeste 54%).
          
8. Como classifica ideologicamente os partidos. Direita e Centro-Direita: PSDB 28%, DEM 27%, PT 24%, PMDB 31%. /  Centro: PSDB 16%, DEM 16%, PT 17%, PMDB 18%. / Esquerda e Centro-Esquerda: PSDB 28%. DEM 24%, PT 33%, PMDB 22%. (Obs. 1: diferença são os que não sabem responder por partido). (Obs. 2: Os slogans direita a esquerda não diferenciam os partidos. Exemplo com apenas Direita: PSDB 19%, DEM 18%, PT 18% e PMDB 21%. Com apenas Esquerda: PSDB 19%, DEM 16%, PT 24% e PMDB 14%).
        
9. Desses Partidos, quem mais defende a redução de impostos: PMDB 13%, PT 32%, PSDB 13%, DEM 10%. / Quem mais defende os Pobres: PMDB 5%, PT 68%, PSDB 5%, DEM 3%. / Quem mais defende a Classe Média. PMDB 17%, PT 27%, PSDB 24%, DEM 8%.

(Retirada do blog do César Maia)

Convite - seminário IPEA!

Boa dica: blog do José Saramago!

José Saramago vai publicar em livro as notas de seu blog. Diz Saramago: "-Meu blog não tem ideias em particular. Os sismógrafos não escolhem os terremotos, reagem com os que vão ocorrendo. O blog é isso: um sismógrafo. 

Quem me lê sabe que pode encontrar a cada dia algo totalmente inesperado. A prática do blog levou a escrita a muitas pessoas que antes pouco ou nada escreviam. Pena que muitas não se preocupem com o estilo. 

O resultado é que se está escrevendo cada vez mais, e... pior. O blog é um espaço para a reflexão, e não deve surpreender que ilumine a quem escreve."

O endereço do blog é http://cuaderno.josesaramago.org/

Retirado do blog do César Maia

19 junho 2009

O quê Nixon e Sarney têm em comum?

A história se repete: logo após renunciar à presidência dos Estados Unidos, deu um entrevista polêmica na qual dizia que aquilo que um presidente faz não pode ser considerado ilegal. Veja o vídeo do filme Frost Nixon que representa em que Nixon diz literalmente "When the president does it, that means that it is not illegal" (quando é o presidente que faz, isso significa que não é ilegal).



O presidente do Senado Federal, José Sarney, parece estar indo pelo mesmo caminho. No seu discurso de defesa, proferido nessa semana, afirmou que um homem da sua estatura não pode ser julgado por empregar um parente aqui e outro ali. Ou seja, quando é o Sarney que faz, não é ilegal...
 

Bolsas para estudar na Alemanha!


Bolsas para pós-graduação na Alemanha em políticas públicas e boa governança

 
O Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (Daad) está recebendo candidaturas para o programa de bolsas de pós-graduação master em políticas públicas e boa governança (PPGG), com cinco opções de cursos 

O programa tem como público-alvo graduados, com ou sem experiência profissional, que visem exercer funções de liderança nos campos político, jurídico e econômico, bem como da administração pública. Para candidatar-se, os interessados não podem ter concluído a graduação há mais de seis anos. Os candidatos não podem estar residindo na Alemanha há mais de um ano.

Para os cursos ministrados em inglês, será exigido certificado de proficiência no idioma (Toefl ou equivalente). Para os cursos em alemão, terão prioridade aqueles que já tiverem ao menos conhecimentos básicos de alemão em nível A2. Todos receberão bolsa para curso de alemão na Alemanha, em geral de seis meses, antes do início da pós-graduação. Prevê-se o início dos cursos de alemão presenciais em 1º de abril de 2010. A partir de janeiro, os aprovados deverão ter acesso ao curso on-line de alemão DUO.

Além destes, todos os cursos possuem outros pré-requisitos próprios para admissão. Os candidatos deverão informar-se previamente nos respectivos sites sobre eles.

As candidaturas devem ser enviadas até 28 de agosto de 2009 (data da postagem) ao escritório regional do Daad no Rio de Janeiro (ver endereço no edital), podendo os candidatos indicar sua preferência por até dois dos cinco cursos oferecidos no programa. 

Os cursos terão, em regra, duração de dois anos. As bolsas estão fixadas em 750 euros mensais, mais seguro-saúde, subsídio para viagem e aluguel, bem como outros adicionais, conforme o caso.

Para melhor orientação, os interessados devem ler e seguir o edital em inglês, disponível emhttp://rio.daad.de/shared/pos_graduacao.htm#ppgg. Pedidos de esclarecimento devem ser encaminhados ao escritório do Daad no Rio: aufbau@daad.org.br
(Informações da Assessoria de Comunicação do Daad)

18 junho 2009

E agora, Sarney?


E agora, Sarney?

Na última terça (16), um acuado e nervoso José Sarney subiu à tribuna do Senado para defender-se perante à nação das acusações de omissão e nepotismo. Discursou por mais de meia hora, emocionou-se e conclamou a solidariedade dos seus pares. Ele irá precisar.

Os acontecimentos são graves. Descobriu-se que a alta burocracia do Senado utilizava-se de “atos secretos” para promover e distribuir aumentos generosos entre comparsas. Esses atos foram publicados ao longo dos últimos quatorze anos.

O episódio mostra que o Senado foi “seqüestrado” pelos seus funcionários do alto escalão, que utilizaram-se da sua posição privilegiada para usufruir do patrimônio público sem qualquer limite. Os exemplos são entristecedores: Agaciel Maia, ex-diretor, possui uma casa de R$ 5 milhões. José Carlos Zoghbi, ex-diretor de recursos humanos, vendia dados financeiros dos funcionários da Casa para bancos de empréstimos.

Os ex-diretores formaram uma casta que controlava um orçamento anual de mais de R$ 2,7 bilhões e tudo podia. A distribuição de privilégios aos seus filhos e parentes e o poder de barganha que exerciam sobre os próprios senadores davam a dimensão de sua opulência e certeza de impunidade.

Entretanto, é difícil acreditar que a casta dos ex-diretores pudesse agir sem a anuência dos parlamentares. É nesse ponto que entra José Sarney. O senador é parinho político de Maia e responsável pela sua ascensão na hierarquia do Senado. Como Sarney também é o atual presidente da Casa, tornou-se alvo natural.

No entanto, as gestões anteriores também devem ser responsabilizadas. Durante os últimos quatorze anos passaram pela presidência os senadores Antônio Carlos Magalhães e Ramez Tebet (ambos falecidos), Jáder Barbalho, Renan Calheiros e Garibaldi Alves.   

Do alto da tribuna do Senado, Sarney afirmou que buscará a verdade, custe o que custar. Isso significa que ele terá que investigar aliados, inclusive o senador Renan Calheiros, seu homem forte e principal responsável por sua eleição. É possível que, no afã de salvar a própria pele, Sarney contrarie aliados e torne sua posição ainda mais frágil. Nesse caso, não é possível culpar alguns e salvar outros.

Para complicar, Sarney reagiu com opulência e alguma arrogância às denúncias de emprego de alguns parentes seus na estruturas do Senado e da Câmara. O ex-presidente da República disse que um homem da sua estatura não poderia ser julgado por causa de um parente empregado aqui e outro ali.

O principal problema do poder é que ele gera uma falsa sensação de ser especial, de estar acima da lei e dos valores dos homens comuns. É nesse ponto que acontecem os desvios. O ex-presidente americano Richard Nixon, quando confrontado com as acusações de espionagem do caso Water Gate, afirmou que os atos de um presidente nunca são ilegais. Pela declaração, Nixon foi expulso da política de seu país. Pela postura dessa semana, Sarney pode estar indo pelo mesmo caminho.    

16 junho 2009

O super computador do BC!


O super computador do BC

Apelidado de Hal, o cérebro eletrônico mais poderoso de Brasília fiscalizará as contas bancárias de todos os brasileiros

Desde a manhã da segunda-feira (25 julho de 2005), trabalha sem cessar no quinto subsolo do Banco Central um supercomputador instalado especialmente para reunir, atualizar e fiscalizar todas as contas bancárias das 182 instituições financeiras instaladas no País. Seu nome oficial é Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional – CCS na sigla abreviada. Mas a supermáquina já nasceu com o apelido de Hal, homenagem ao mais famoso cérebro eletrônico da ficção, imortalizado no filme 2001: Uma Odisséia no Espaço.

A primeira carga de informações que o computador recebeu durou quatro dias. Ao final do processo, ele havia criado nada menos que 150 milhões de diferentes pastas (uma para cada correntista do País), interligadas por CPFs e CNPJs aos nomes dos titulares e de seus procuradores. A cada dia, Hal acrescentará a seus arquivos cerca de um milhão de novos registros, em informações providas pelo sistema bancário. A partir desta semana, quando o sistema se estabilizar, o CCS deverá responder a cerca de 3 mil consultas diárias. Toda conta que for aberta, fechada, movimentada ou abandonada, em qualquer banco do País, estará armazenada ali, com origem, destino e nome do proprietário.

Diferentemente dos imensos mainframes dos tempos em que o escritor de ficção científica Arthur C. Clarke concebeu sua supermáquina para 2001, o Hal do BC tem a arquitetura pós-moderna dos tempos da microeletrônica. São três servidores e cinco CPUs de diversas marcas trabalhando simultaneamente, no que se costuma chamar de cluster. Este conjunto é o novo coração de um grande sistema de processamento que ocupa um andar inteiro do edifício-sede do Banco Central. Seu poderio não vem da capacidade bruta de processamento, mas do software que o equipa. Desenvolvida pelo próprio BC, a inteligência artificial do Hal consumiu a maior parte dos quase R$ 20 milhões destinados ao projeto – gastos principalmente com a compra de equipamentos e o pagamento da mão-de-obra especializada.

Só há dois sistemas parecidos no planeta. Um na Alemanha, outro no França. Mas ambos são inferiores ao brasileiro. No alemão, por exemplo, a defasagem entre a abertura de uma conta bancária e seu registro no computador é de dois meses. Aqui, o prazo é de dois dias. Não por acaso,para chegar perto do Hal, é preciso passar por três portas blindadas, com código de acesso especial.

Visto em perspectiva, o sistema é o complemento tecnológico do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP), que, nos anos de Armínio Fraga à frente do BC, uniformizou as relações entre os bancos, as pessoas, empresas e o governo.

“Com o Hal, o Banco Central ganha uma ferramenta tecnológica a altura de um sistema financeiro altamente informatizado e moderno. Recuperamos o tempo perdido”, diz o diretor de Administração do BC, João Antônio Fleury.

O supercomputador promete, também, ser uma ferramenta decisiva no combate a fraudes, caixa dois e lavagem de dinheiro no Brasil. “Vamos abrir senhas para que os juízes possam acessar diretamente o computador”, informa Fleury.

O banco de dados do Hal remete aos movimentos dos últimos cinco anos. Antes de sua chegada, quando a Justiça solicitava uma quebra de sigilo bancário, o Banco Central era obrigado a encaminhar ofício a 182 bancos, solicitando informações sobre um CPF ou CNPJ. Multiplique-se isso por três mil pedidos diários. São 546 mil pedidos de informações à espera de meio milhão de respostas. Em determinados casos, o pedido de quebra de sigilo chegava ao BC com um mimo: “Cumpra-se em 24 horas, sob pena de prisão”. A partir da estréia do Hall, com um simples clique, Coaf, Ministério Público, Polícia Federal e qualquer juiz têm acesso a todas contas que um cidadão ou uma empresa mantêm o Brasil. 

(Contribuição do meu bom amigo Hélio)

Convite!


  

A Fundação Alexandre de Gusmão e seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais têm o prazer de convidá-lo(a) para participar do II Seminário sobre Desenvolvimento Econômico, que ocorrerá, de 23 de junho a 24 de julho de 2009, das 08h às 10h, no Auditório Embaixador Wladimir Murtinho, no Palácio Itamaraty.

Muito agradeceria confirmar presença até o dia 21 de junho, por meio do endereço eletrônico dabreu@mre.gov.br.

A programação do Seminário sera dividida em 4 módulos: I - Desenvolvimento Econômico; II – Comércio, Internacional e Desenvolvimento; III - Sistema Financeiro Internacional e Desenvolvimento e IV - Desenvolvimento Econômico: Brasil.

As palestras serão ministradas pelos acadêmicos Antonio Corrêa Lacerda, Carlos Aguiar de Medeiros, Carlos Lessa, Carlos Mussi, Fernando José Cardim Carvalho, Francisco Eduardo Pires de Souza, Franklin Serrano, Luis Carlos Delorme, Prado, Márcio Pochmann, Paulo Nogueira Batista Júnior, Ricardo, Bielschowsky e Viviane Ventura Dias.

Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone 3411-8454.

10 junho 2009

Entrevista: popularidade, eleições e crise!


Entrevista

Leonardo Barreto

Cientista político (Rede Brasil Atual)

Para o cientista político Leonardo Barreto, o aumento da popularidade está relacionado também às expectativas futuras de gestão da crise. A clareza de que a turbulência global não teve origem no país e a capacidade da administração para manter programas sociais e reaquecer o consumo funcionaram como propulsores dos índices. A pesquisa é a primeira do instituto a trazer projeções para o cenário eleitoral de 2010. Essas pesquisas, no entanto, servem mais para orientar movimentações de bastidor do que prever resultados, avalia o cientista político.

Para Barreto, há muitas indefinições no cenário, incluindo a duração exata da crise mundial, a confirmação da recessão no país. Ele cita ainda as incertezas sobre o processo de recuperação da ministra Dilma Roussef e a evolução das costuras internas do PSDB – que apontam uma candidatura de José Serra.

E a economia ainda está longe de ser um fator ultrapassado no debate. “[A crise] é a única força capaz de minar e contaminar a base de aprovação do presidente Lula e colocar em xeque sua capacidade como gestor da economia”, avalia.

RBA – Ainda que alguns analistas apontem que o pior da crise tenha passado, o país ainda sente alguns efeitos dela. Como explicar que em meio a esse cenário, a popularidade do governo volte a crescer?

Esse indicador reflete duas coisas. Primeiro, uma avaliação do que governo tem feito até agora, mas também reflete uma expectativa em relação à capacidade do governo para resolver problemas futuros. Se formos ver a aprovação do presidente, não estamos falando somente do momento atual, mas da confiança que as pessoas depositam nele como uma pessoa qualificada para comandar país nesse momento de crise. É uma avaliação do passado e em relação ao futuro. Contribui para isso o fato de a crise não ter sido nossa responsabilidade. Ajuda muito à imagem do presidente.

Os dois elementos de políticas públicas que geraram grande apoio ao presidente continuam presentes. A primeira é a política social e a segunda é a manutenção do mercado de crédito, que permite que uma série de pessoas tenham acesso ao consumo. Os dois elementos de políticas públicas que geraram grande apoio ao presidente continuam presentes. A primeira é a política social e a segunda é a manutenção do mercado de crédito, que permite que uma série de pessoas tenham acesso ao consumo. Ele deu uma retraída nos primeiros meses, mas governo reduziu o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] de carros e eletrodomésticos e criou um programa de financiamento gigante de casa própria. Com seus próprios meios, resolveu o problema de crédito, agora normalizada pelo mercado novamente, para que as pessoas possam consumir.

RBA – A velocidade de recuperação do país pode interferir nessa percepção da população?

A crise vai ter papel marcante, porque vai determinar o grau de satisfação [da população]. Ela é a única força capaz de minar e contaminar a base de aprovação do presidente Lula e colocar em xeque sua capacidade como gestor da economia.

A grande questão é que o Brasil acumulou reservas gigantes durante esse período de benesses e o governo está com reservas amplas para fazer políticas que minimizariam a percepção das pessoas em relação à crise. Ele tem aí um programa de um milhão de moradias, tem a possibilidade de bancar uma redução temporária de impostos para bens de consumo das classes B, C, D e E. Além disso, o próprio governo tem condições de gerar crédito para a população.

A crise é importante, tem a capacidade de mudar o cenário – se vivermos seis ou sete meses com taxas de desemprego aumentando, não existe cristão que resista a isso. Não sentimos isso agora porque o governo tem reservas formidáveis para abastecer a população de políticas publicas que pode ajudar a melhorar ou conservar a sensação de bem-estar. Mas as reservas não são infinitas, o que nos leva à grande questão que é quanto tempo vai durar a crise e quanto tempo o governo resiste, com seus próprios recursos, à maré de notícias ruins.

RBA – A pesquisa passou a trabalhar cenários eleitorais para presidente em 2010. Em que medida a discussão pode ser feita de forma consistente? É uma forma de antecipar o debate eleitoral?

Acredito que o presidente Lula, ao assumir que Dilma seria sua [candidata a] sucessora, antecipou um pouco a corrida eleitoral. Isso forçou uma série de movimentações tanto do seu lado – do PMDB discutindo se vai ou não [com o governo] – quanto de outro. Essas pesquisas servem mais para esses movimentos de bastidores do que para prever os resultados.

A oposição e o PSDB especialmente ficaram muito pressionados a resolver seus problemas interno, a disputa entre Serra e Aécio. Ele antecipou as movimentações dentro desse xadrez político.

O fato é que as peças estão na mesa e esse xadrez começou. Essas pesquisas servem mais para esses movimentos de bastidores do que para prever o resultado. Muito mais do que apontar as chances de um ou de outro, servem para que o PT sente à mesa para negociar com o PMDB, ou para o PSDB sente para o Serra negociar com o Aécio. Estamos muito longe da eleição, tem a crise por aí, começamos a enfrentar um processo de recessão que vai ter resultados, há debates ainda muito ferozes dentro dos partidos, a doença da ministra Dilma.

RBA – Mas se os principais candidatos forem mesmo Dilma e Serra, o que se desenharia para a campanha?

Caso se concretize que Dilma e Serra sejam efetivamente os candidatos, a gente vai ter dois candidatos totalmente sem carisma. E assim, vai ser realmente uma dúvida, uma questão: quem é que vai se sair melhor nessa batalha. A campanha seria baseada em duas pessoas com perfil gerencial e sem carisma. Numa campanha dessa natureza, pode sair tudo.

RBA – A CPI da Petrobras pode ser um fator que modifique a percepção da população?

Acredito que é um escândalo que tem potencial de levantar informações capazes de desestabilizar o governo. Agora, o governo passou por CPIs muito piores e continuou governo.

Acredito que é um escândalo que tem potencial de levantar informações capazes de desestabilizar o governo. Agora, o governo passou por CPIs muito piores e continuou governo. Ela tem uma atuação, vai gerar constrangimento para alguns candidatos, vai gerar um palanque para que líderes da oposição possam aparecer e discursar. Para desestabilizar o governo, teria de se achar alguma coisa muito grande, muito complicada. O efeito da CPI só vai ser conhecido quando ela acontecer, até lá é um elemento imprevisível.

 

03 junho 2009

Chamada de Artigos - Congresso Português de Ciência Política!


Call for Papers

V Congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política
Universidade de Aveiro, 4-6 de Março de 2010

Todos os interessados em apresentar propostas de painéis e comunicações ao V Congresso da APCP devem submeter a sua proposta até 31 de Outubro de 2009 por e-mail para congressos@apcp.pt .

Esta não deve exceder 200 palavras e deve incluir os seguintes elementos:

1. Número e nome da secção em que o autor pretende apresentar a comunicação.
2. Título da comunicação.
3. Nome do autor.
4. Instituição a que pertence e posição que nela ocupa.
5. Endereço de correio, telefone e fax.
6. Endereço de correio electrónico.
7. Resumo da comunicação.

A proposta deve ser acompanhada de um breve Curriculum Vitae (máximo 150 palavras).
O V Congresso compreenderá as seguintes secções (que poderão sofrer alterações de acordo com o número e os temas das propostas de comunicação entretanto recebidas e aprovadas):

Secção 1: Sociedade e Política Portuguesa.
Secção 2: Países de Língua Portuguesa.
Secção 3: Estudos Europeus.
Secção 4: Política Comparada.
Secção 5: Governação e Políticas Públicas.
Secção 6: Relações Internacionais.
Secção 7: Teoria Política.

A apresentação de propostas de comunicação é aberta a todos os interessados, sendo a sua selecção baseada em critérios científicos.

Para os sócios da APCP, o preço da participação no Congresso é de 20 €. Para não sócios, o preço é de 70 €, sendo de 30 € para estudantes.

Todos os participantes podem assistir a todas as sessões e recebem o resumo de todas as comunicações, além de um certificado de frequência.

O pagamento e a inscrição definitivas terão lugar a partir de Janeiro de 2010, data em que se prevê o anúncio do programa integral.

As propostas de comunicação devem ser enviadas por e-mail para congressos@apcp.pt até dia 31 de Outubro de 2009.

A Direcção
Associação Portuguesa de Ciência Política
 

Visite o museu da corrupção!


http://www.dcomercio.com.br/especiais/2009/museu/index.htm

02 junho 2009

O dilema do PSDB para 2010!


1. "Com dois presidenciáveis de peso, mas desprovido de "discurso", o sinônimo corrente de mensagem, os tucanos também tateiam em busca de um caminho para chegar ao eleitorado que decidirá a sorte da sucessão de 2010.  Em português claro, os tucanos não sabem nem o que dizer nem como dizê-lo.  Por um lado, não falta o que apontar - a enxundiosa, aparelhada e em geral incompetente máquina administrativa. Por outro lado, expor os fracassos da gestão Lula sem atacar o seu responsável primeiro exigiria malabarismos semânticos provavelmente fora do alcance dos mais talentosos marqueteiros. 
            
2. Mas Lula não teria conseguido sequestrar a política nacional e ditar os termos das disputas eleitorais se, depois de desperdiçar a sua melhor oportunidade, no auge das denúncias do mensalão, os tucanos não tivessem sido acometidos de uma catatonia desmoralizante. 
            
3. No seu aturdimento - e à falta de espinha dorsal -, o PSDB encomenda pesquisas para descobrir o que o eleitor quer (!) e vai se abeberar nas teorias do neurocientista americano Drew Westen, cujos experimentos o levaram a concluir que as pessoas reagem mais vivamente quando os políticos apelam antes para as suas emoções do que para o seu lado racional, o que não surpreenderá nenhum marqueteiro competente. Mas, para provocar emoções, é preciso ter o que emocione - e dessa matéria-prima o ninho tucano está vazio."

Editorial do Estadão - www.cesarmaia.com.br

01 junho 2009

Convite! Debate sobre a política externa americana!


A nova política externa dos EUA e seus desdobramentos para a América do Sul
3 de junho de 2009, às 18h30

EXPOSITOR: Sr. Stephen Liston - Conselheiro político da Embaixada dos EUA 

LOCAL:
Prédio da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados (FACE), 1º andar, sala A1-04

Campus Univ. Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília

INSCRIÇÕES GRATUITAS:

Envie seu nome e instituição para o e-mail: GAPConGT1@gmail.com