29 abril 2010

Pitacos eleitorais!

Eleições presidenciais (entrevista concedida à assessoria de imprensa do DF)

Como senhor avalia o nível dos candidatos à presidência este ano?

Eu faço uma boa avaliação dos candidatos à presidência da República. Serra e Dilma não são carismáticos, mas possuem um perfil gerencial e certamente focarão suas campanhas na comparação de indicadores e resultados obtidos por cada um. Marina possui uma biografia fantástica e muitos bons serviços prestados à política ambiental, especialmente durante seu período no ministério de Lula. Isso é um sinal de que o brasileiro está mais pragmático e amadurecido no que se refere ao que ele espera da política: não queremos mais salvadores da pátria. Queremos gestores capazes de dar continuidade àquilo que está dando certo e de melhorar aquilo que não está funcionando.

Quem tem mais a ganhar com o PSB anulando a candidatura do Ciro Gomes?

No final das contas, ninguém. Os votos do Ciro migrariam mais cedo ou mais tarde para algum dos três candidatos, mesmo que fosse apenas no segundo turno. Dessa forma, apenas antecipou-se o movimento de transferência. Serra pode ganhar uns pontinhos extras nas próximas pesquisas, mas Dilma ganhou o tempo de TV destinado ao PSB.

É legítima a interferência que o Lula tem feito a favor da Dilma, sendo ele presidente eleito? Mesmo o FHC tendo feito o mesmo no passado para ajudar o Serra?

Acho que sim. O presidente não precisa demonstrar neutralidade, sendo que seu partido encontra-se na disputa e busca perpetuar um projeto político. Em qualquer democracia isso acontece. O que não pode é usar a máquina pública para favorecer um ou outro candidato. Para evitar isso, a justiça deve permanecer atenta.

Com essa briga braba que Serra e Dilma vem travando, a Marina Silva pode tencionar se dar bem em cima disso?

Acho que ela pode e certamente se apresentará como terceira via. Entretanto, ela não possui recursos financeiros e de tempo de rádio e TV para ameaçar verdadeiramente os dois principais candidatos. Sua candidatura servirá para colocar o tema ambiental na agenda dos brasileiros e arrancar compromissos de Serra e Dilma nesse sentido.

Eleições no DF e crise política

Existe legitimidade na eleição de Rogério Rosso para governardor do Distrito Federal, mesmo tendo recebido votos de 8 deputados ligados ao esquema de corrupção que atormenta a cidade?

Não. A eleição de Rosso pode ser legal, mas não é legítima (que significa que não é aceita). Rosso tem um perfil bem distante daquilo que Brasília necessitaria no momento. É ligado a Roriz e a Arruda (pivores do escândalo) e fez compromissos com deputados distritais investigados para ser eleito. Rosso pode alegar que não foi citado em nenhuma gravação de Durval, mas suas "ligações perigosas" depõem contra ele. Em política, vale o ditado da mulher de César: não basta ser honesta, tem que parecer honesta.

Apesar de ser um remédio amargo, a intervenção federal hoje é o melhor caminho para a cidade?

Há uma lado bom e um lado ruim. O lado bom é que poderíamos fazer uma varredura e apurar profundamente nomes de empresários e políticos corruptos que ainda não foram denunciados, retirando a suspeição que hoje paira sobre o GDF. O lado ruim é que o interventor teria de acertar as contas de Brasília com o restante do país. Quando a opinião pública e outros governadores perceberem o volume descomunal de recursos que a União despeja no DF, certamente haveria uma mobilização política para reduzir o volume de recursos que recebemos, com prejuízo para os salários dos servidores e a prestação de serviços públicos à população.

Quais as chances de o Roriz voltar a ser governador do Distrito Federal?

Atualmente, as chances de Roriz são relativamente grandes. Entretanto, há fatores de imprevisibilidade que devem ser considerados: 1) Ele está sendo processado pelo TSE e uma eventual condenação o tornaria inelegível; 2) Roriz terá muito pouco tempo de TV, dado que pertence a um partido pequeno; 3) É possível que desdobramentos retardados da operação Caixa de Pandora cheguem até ele e 4) Ele não conta mais com a estrutura partidária gigante que o PMDB colocava à sua disposição. Por essas razões é que considero as chances de Roriz apenas "relativamente" grandes. Há muita água para correr por baixo da ponte.

Em 2006 o Agnelo perdeu cadeira no Senado para o Roriz, e esse ano será que ele tem alguma chance?

Caso Agnelo consiga fazer uma composição que envolva PT,PMDB,PSB e PDT, terá um tempo de rádio e TV excepcional, aumentando significativamente suas chances de enfrentar Roriz com alguma vantagem. Outro ponto que lhe é favorável é a grande rejeição do ex-governador. Apesar de nunca ter perdido uma eleição, Roriz também nunca ganhou nada com um grande margem de folga. Seria uma disputa bastante equilibrada.

Se o Cristovam decidir se lançar como candidato, como isso influenciará no panorama eleitoral?

Cristovam polarizaria a disputa com Roriz. Entretanto, como ele dividiria a mesma base eleitoral de Agnelo, poderia estar abrindo um flanco para que Roriz pudesse vencer a disputa ainda no primeiro turno. Portanto, caso ele tome essa decisão, deverá ficar atento às pesquisas, torcer para um segundo turno e contar com a transferência dos votos de Agnelo no segundo turno para poder vencer Joaquim Roriz.

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