A pergunta que mais se ouviu nos debates que marcaram o cinqüentenário de Brasília foi se, no final das contas, a nova capital havia cumprido seu papel.
Há muitas maneiras de respondê-la, dependendo do que se deseja focar. Mas é inevitável notar que pelo menos uma promessa preciosa foi quebrada durante o caminho: a aproximação definitiva entre o povo e o Estado.
Quando vemos fotos da construção, sempre encontramos os candangos suados cortejados por um JK extremamente elegante. Por mais que o matuto e o político fossem bem diferentes, o fato é que elas se complementavam. Ambos sentiam-se a vontade ao lado do outro. Parecia que havia uma conciliação em curso, representada de forma poética nos canteiros de obra de Brasília.
Infelizmente, não foi essa a imagem que ficou da capital. O golpe militar castrou o sonho brasiliense e consagrou as praças vazias, ao invés da animadas serestas dos peões.
O candango ficou perdido pelo caminho.
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