23 dezembro 2009
Feliz Natal!
18 dezembro 2009
Parênteses na política...
Saiu no 'Estadão':
Guerreiros ou brameiros
Ugo Giorgetti
Não sei por que ando pensando muito num comercial da Brahma que andou, ou anda, pelas televisões.
De fato ele não me sai da cabeça.
Fiquei tão intrigado que recorri até ao site do Clube de Criação de S.Paulo, onde não só o encontrei na íntegra, como tive a surpresa de encontrar também declarações do diretor de marketing da Brahma que, por sua vez, vieram aumentar meu assombro.
Queria, logo de início, pedir licença ao diretor da empresa para refutar uma de suas declarações.
Diz ele: "Com a campanha não queremos impor nada a ninguém. Queremos apenas ser porta-vozes do povo brasileiro."
Bem, meu porta-voz esse comercial não é, isso eu posso garantir.
E, espero, também não seja de boa parte do povo brasileiro.
Para quem não sabe, o comercial descreve a atitude ideal do torcedor brasileiro em relação à Copa do Mundo que se aproxima. Consta de uma sucessão de imagens bélicas e melodramáticas, onde supostos torcedores carrancudos, gritam, choram e batem no peito.
Para deixar ainda mais claro a observadores menos atentos que o que se espera realmente são guerras e batalhas, mistura essas cenas com outras, fictícias, devidamente produzidas e filmadas, de um grande exército medieval em ação. Se as imagens falam por si, o pior é o som.
Vozes jovens alucinadas urrando palavras de ordem num tom ameaçador, histérico, a lembrar manifestações das mais radicais e intolerantes agrupamentos que, infelizmente, existem no interior de qualquer sociedade.
Eu me permito transcrever algumas das frases vociferadas: "Eu queria que a seleção fosse para a Copa, como quem vai para uma batalha!" "Eu quero guerreiros!", "Vamos para a guerra juntos! 180 milhões de guerreiros!" "Sou guerreiro!" No final do filme, num golpe de surrealismo que faria as delícias de Luis Buñuel, o locutor, contrariando o tom anterior de toda a mensagem, recomenda sabiamente: "Beba com moderação." O diretor de marketing da Brahma, no mesmo site do Clube de Criação continua: "A mensagem que queremos passar ao torcedor é que, além de ser a primeira marca brasileira a patrocinar oficialmente uma Copa do Mundo, o desejo da Brahma é despertar a atitude guerreira da seleção em todos os 190 milhões de brasileiros." Com todo o respeito que tenho pela Brahma, cuja publicidade acompanho, até por dever de ofício, há mais de quarenta anos, e que me pareceu sempre celebrar a alegria e a irreverência popular, essas declarações inspiram alguns comentários. O que eu espero da seleção é que jogue bola.
Acho que o que nos derrotou em 2006 não foi a falta de guerreiros, mas foi o Zidane, que não era exatamente um guerreiro.
Quanto aos 190 milhões, espero que honrem nossa tradição de saber perder, como fizemos em 1950 em pleno Maracanã, ou como fizemos em 1982, encantando o mundo.
O resto é apenas apelar para o que há de pior na sociedade brasileira.
Que é o que faz esse equivocado comercial dessa grande empresa.
E de repente, a razão pela qual penso nele com tanta freqüência me aparece claramente: é que, de certo modo, o confundo com as cenas reais que aconteceram no estádio de Curitiba domingo passado.
Ao revê-las me ocorre uma pergunta: os torcedores que, ensandecidos, fizeram o que fizeram no Paraná seriam "guerreiros" ou "brameiros"?
Ou os dois?
Infelizmente não foi possível alertá-los para invadirem e quebrarem tudo "com moderação".
Disse tudo! Faltou responsabilidade à Brahma!
17 dezembro 2009
O difícil e longo caminho de volta à democracia!
Chile e Brasil: duas transições
As ditaduras militares em série que assolaram a América Latina no século XX trouxeram cicatrizes e feridas políticas que nossos países compartilham. Ainda há inúmeros desaparecidos e crimes de guerra não solucionados que voltam para assombrar populações inteiras e influenciar decisões políticas que tomamos agora.
Brasil e Chile são dois bons exemplos disso. Ambos vivenciaram regimes fechados e tiveram experiências violentas, mesmo que em intensidades diferentes. Os militares brasileiros estiveram no poder por 21 anos, alternando generais escolhidos por colégios eleitorais que contavam com membros da elite política civil. Os chilenos tiveram Augusto Pinochet como presidente da república entre 1973 e 1990, uma administração tão controversa que divide os chilenos até hoje.
Nos dois casos, a volta à democracia foi controlada pelos militares e negociada com setores da sociedade civil. No caso brasileiro, a mudança aconteceu tendo como pano de fundo uma crise econômica que consumiu rapidamente a legitimidade dos presidentes/generais. No Chile, Pinochet devolveu o governo aos civis ainda com grande aprovação popular, conquistada especialmente pela melhoria dos indicadores econômicos e sociais do país.
Para os brasileiros, a democracia começa verdadeiramente com as eleições diretas em 1989 e a ascensão de Fernando Collor, um político de direita com discurso modernizante, mas ligado a velhas elites tradicionais. Nesse mesmo ano, os chilenos escolhiam o político de centro esquerda Patrício Alywin.
Entretanto, as eleições diretas não encerraram os processos de transição democrática. No Brasil, era necessário uma alternância presidencial em termos ideológicos. Collor foi impedido pelo Congresso, acusado de corrupção. Itamar assumiu e deu lugar a Fernando Henrique. Entretanto, a virada aconteceu com Lula. O candidato petista, de orientação socialista, venceu o pleito de 2002 e ascendeu ao poder sem ameaças de reações violentas por parte das antigas forças conservadoras.
Se Lula devolver o poder pelas vias normais, e tudo indica que isso acontecerá, poderemos considerar que nosso longo caminho de volta à democracia estará completo.
No Chile, a coalizão de centro esquerda (concertácion) substituiu Pinochet e permane no poder desde então. Alywin foi sucedido por Eduardo Frei (1994), Ricardo Lagos (2000) e Michelle Bachelet (2006). Se adotarmos a mesma lógica que foi utilizada para interpretar o Brasil, caso a direita vença as eleições presidenciais deste ano (Sebastián Pinera venceu o primeiro turno com 44% dos votos contra o ex-presidente Eduardo Frei), então poderemos dizer que a transição no Chile também terá acabado.
A alternância de governantes é bastante salutar e demorou para ser incorporada como valor político no Brasil e no Chile. Por isso, é importante notar esses passos, pois eles nos levam rumo à consolidação das instituições e podem ser interpretados como grande sinal de amadurecimento político dos nossos calejados países.
14 dezembro 2009
A decisão do voto!
10 dezembro 2009
TSE recusa pedido de Arruda para que intervenha no DEM e impeça sua expulsão!
Além disso, ela afirmou que não há direito líquido e certo que possa ser garantido por meio desse tipo de processo, pois não há direito a que alguém permaneça filiado a um partido.
“Em delicada argumentação, o impetrante deixa de afirmar, de maneira direta e objetiva, qual seria o seu direito, cuja liquidez e certeza poderiam ser comprovados, a propiciar o uso da via eleita, qual seja, o mandado de segurança”, destacou a ministra.
Em relação ao argumento do governador de que teve seu direito de ampla defesa cerceado, a ministra observou que no próprio pedido ele reconhece que foi notificado, na forma prevista estatutariamente, para apresentar a sua defesa no prazo de oito dias. Por isso, de acordo com a decisão, cai por terra a argumentação de cerceamento de defesa, pois esse é o prazo estatutariamente previsto.
Arruda sustentava ainda que a representação foi motivada por notícias da imprensa, “como se matérias jornalísticas fossem elementos cabais de comprovação de algo". Sobre isso, a ministra afirmou que “é exatamente para que ele possa contestar o que lhe vem sendo publicamente imputado - e que é dever do partido político investigar, analisar e concluir - que lhe está sendo dado o direito de defesa, na forma expressamente confessada por ele”.
“Não vislumbro, na espécie, qualquer dos elementos exigíveis legalmente para a regular tramitação do presente mandado de segurança, menos ainda a existência de ato coator a ser impugnado por esta via processual, nem direito do impetrante que pudesse ser, de plano, considerado afrontado, tampouco algum que pudesse ser considerado, nos termos constitucionalmente definidos, como líquido e certo, o que impossibilita a regular tramitação da presente ação”, decidiu a relatora.
09 dezembro 2009
Alguma coisa está mudando...
Governadores em apuros
De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Popul (retirado do Correio Braziliense).
Nem sempre nos apercebemos de algumas coisas que acontecem na política, mas elas podem ser muito importantes. Algumas, a ponto de fazer com que tenhamos que mudar nossa imagem da vida política no Brasil.
Tome-se a noção de que, nas disputas eleitorais, existe uma espécie de vale-tudo, onde os candidatos fazem qualquer coisa para ganhar, incluindo agir em completo desrespeito à lei, para não dizer aos princípios mais básicos da ética.
De norte a sul do país, toda vez que se reúnem eleitores em pesquisas qualitativas, são unânimes as queixas contra, por exemplo, a compra de votos, tão frequente nas vésperas das eleições e que todo mundo já viu ou ouviu falar.
Essa prática pode adotar inúmeras faces, desde o simples pagamento em dinheiro à distribuição de bens materiais e favores, da promessa de um emprego ao oferecimento de facilidades nas relações com o governo.
Ninguém acha que agir assim é legítimo para um candidato, ainda que muita gente diga compreender que um eleitor, premido pela necessidade, aceite a oferta.
É com grande ceticismo que o cidadão comum encara a possibilidade de que comportamentos desse tipo sejam banidos de nossa cultura política.
É como se todos concordassem (mesmo a repudiando) com a máxima segundo a qual, em uma eleição, só é feio perder. Para os políticos, o resto pode. E ninguém os pune por isso, nem os eleitores, nem qualquer instituição.
São cada vez mais eloquentes, no entanto, os sinais de que essa situação está mudando. Na verdade, de que já mudou. Veja-se, para confirmar, a sorte da atual safra de governadores, eleita em 2006.
Nunca antes, na história deste país, houve outra com tantos problemas para concluir seu mandato. Quase todos originados de denúncias acatadas pela Justiça por abusos cometidos no processo eleitoral.
Já foram três os cassados, com a consequente posse de seus substitutos. Cássio Cunha Lima (PSDB), Jackson Lago (PDT) e Marcelo Miranda (PMDB) não governam mais a Paraíba, o Maranhão e o Tocantins, respectivamente.
Mais dois enfrentam processos adiantados no Judiciário: José de Anchieta Júnior (PSDB), de Roraima, e Ivo Cassol (PP), de Rondônia. Também o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), está às voltas com situação parecida.
Passaram igualmente por questionamentos que chegaram ao TSE os governadores de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), e do Amapá, Waldez Góes (PDT). O fato de terem sido julgados e absolvidos só confirma que as leis funcionaram no caso de ambos.
Somados, são oito governadores, ou seja, quase um terço do total. Sinceramente, não se pode mais falar de impunidade, pelo menos no que se refere às condutas avaliadas, pelo menos no tocante aos governadores. É muito improvável que a nova safra, a ser eleita em 2010, venha a repetir o que a antecessora fez.
Se o Judiciário, ao que parece, está cumprindo adequadamente o que dele se espera, o mesmo não se pode dizer do próprio sistema político. Na mudança do padrão de impunidade, o Legislativo tem sido de uma tolerância extraordinária, seja no plano federal, seja nos estados.
Acaba, portanto, por ser o responsável pela manutenção do sentimento das pessoas comuns, de que os políticos se imaginam e agem como personagens acima da lei. Nisso, contando com a ajuda nada pequena do presidente da República, que costuma brindá-los com seu carinho mais magnânimo.
Tudo isso vem à mente em função do que acontece no Distrito Federal. Frente ao que foi e está sendo revelado a respeito de como funcionaram os últimos governos, o que vai acontecer? Que resposta será dada pelas instituições?
De um lado, existe o caminho da judicialização, o encaminhamento das denúncias ao Judiciário. De outro, o político, com a abertura de um processo no âmbito da Câmara Legislativa.
Resta saber se os deputados distritais serão como seus pares gaúchos. Se fizerem como eles, a estatística dos governadores em apuros terá Arruda ao lado de Yeda Crusius, sobreviventes de processos que conseguiram evitar.
08 dezembro 2009
07 dezembro 2009
Movimento Brasília Limpa!
A resistência de Arruda!
Maioria dos brasilienses apoia a invasão da CLDF!
Bolívia!
Evo Morales foi reeleito presidente da Bolívia com cerca 63% dos votos. Há forte perspectiva de que seu partido (MAS) também conquiste maioria na Câmara e 2/3 do senado.
Após o anúncio da vitória pelas pesquisas de boca de urna, Morales fez discurso prometendo acelerar o processo de mudança social da Bolívia.
05 dezembro 2009
Depois de uma semana pesada, nós merecemos relaxar um pouquinho...
04 dezembro 2009
03 dezembro 2009
Sinais!
Sinal (1) A divisão entre governistas e oposicionistas, sempre favorável à Arruda, desapareceu;
Sinal (2) A saída de partidos da base aliada e a entrega dos cargos elimina os compromissos mútuos existentes entre as legendas e Arruda;
Sinal (3) Tudo indica que Arruda será expulso do DEM. Portanto, ele não poderá ser candidato no ano que vem, algo que estimula ainda mais as traições e a busca por novos alinhamentos;
Sinal (4) Há um líder bem posicionado e fortemente decidido a resolver os problemas de ação coletiva e levar à frente esse processo (Cabo Patrício);
Sinal (5) Pouco a pouco, os distritais denunciados vão perceber que o processo de impeachment de Arruda pode "saciar" a sociedade e permitir que seus desvios individuais voltem para a pauta apenas depois do carnaval, aumentando suas chances de sobrevivência política.
Aqui, vale o ditado: farinha pouca, meu pirão primeiro...
02 dezembro 2009
Lições da crise!
Toda crise possui um efeito pedagógico. Se alguém observar a ferida aberta pelo abandono dos partidos que eram aliados do governo Arruda, é possível observar claramente como acontece a partilha do processo de nomeação de cargos comissionados/chefia.