Juarez, o homem que amava a política!
Leonardo Barreto
Juarez era um homem normal. Trabalhava, tinha uma esposa, dois filhos, um time de futebol, alguns amigos da época do colegial e um automóvel gol 1995 muito bem conservado. Fazia o tipo totalmente insuspeito, indo do trabalho para casa e da cozinha para o sofá, como todo mundo faz.Mas o que ninguém desconfiava, é que aquele homem pacato tivera um amor proibido, que viveu em pecado com a maior libertina que já nascera, algo que faria a Geni de Chico Buarque corar de vergonha... Juarez, um dia, gostou de política!
A paixão de Juarez pela política era antiga, desde os tempos de colégio, de quando participava do grêmio estudantil. Aos dez anos, gostava de assistir ao noticiário e ficava preocupado com o futuro do país. Antes de dormir, ficava pensando no que ele faria para resolver a hiperinflação e nos discursos que pronunciaria em cadeia nacional...
Mas antiga também era a vergonha que sentia. Política não era algo do qual se podia gostar impunemente. Quando Juarez respondia que desejava ser político quando crescesse, ouvia piadas e repreensões: “ah, ah, ah... o Juarez quer ser ladrão!”. Quando tentava falar de política com outros garotos e garotas, era logo chamado de “chato”!
Juarez sabia que havia outros como ele, que freqüentavam grupos misteriosamente chamados de “partidos”, onde se dizia que falava-se de pilhagens e bebia-se sangue de galinha. Juarez foi levado por alguns colegas a essas reuniões. Mas, curiosamente, nunca escutou um cocoricó sequer.
Parte dos políticos de seu país também não ajudava. Era escândalo atrás de escândalo. Até os comentaristas pareciam não agüentar mais! Histéricos, falavam da inviabilidade do Congresso, xingavam o país como se não morassem lá e estivessem de malas prontas para voltar para sua civilizada Europa.
Por fim, Juarez cedeu. Ele queria viver com gente normal, namorar, jogar bola e ir à lanchonete. Ele tinha esse direito! Aos poucos, conseguiu dominar seu impulso de falar de eleições, partidos, congressos e prefeituras. Com o tempo, já estava repetindo “mantras” populares como “nenhum político presta”!
Vida que segue. Juarez constitui sua família e foi cuidar das suas obrigações. Sua relação com a política ficou resumida ao cumprimento de suas obrigações formais. Votava a cada dois anos e tudo estava resolvido. Reclamava sempre quando assistia o noticiário, mas tudo se resolvia quando o jogo de futebol começava. Pode-se dizer que era feliz!
Tudo caminhava bem até que num dia comum, ao chegar em casa, flagrou sua filha mais velha assistindo ao noticiário político. Olhos vidrados na tela! Juarez ficou observando-a e lembrou-se dele mesmo. Surpresa, a filha fitou Juarez que estava parado à porta e disparou-lhe: “pai, já sei o que vou ser quando crescer! Vou ser política!”
Juarez sorriu serenamente, colocou-a no seu colo, beijou sua testa e disse-lhe: “Então você terá que ter muita responsabilidade, minha filha. Política é algo muito sério e importante...”.
A imagem é do quadro de Cândido Portinari (O Mestiço)
2 comentários:
O texto é muito bom, assim como a obra escolhida para ilustrá-lo... A cultura de aceitar, discutir e principalmente entender a política vem sendo difundida ao longo do tempo, iniciada por nossos avós, pais, com a ditadura, diretas já... Nossa obrigação agora é faze-la ser mais justa
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